Caros amigos,
Não magoa que pare; magoa que não volte atrás, mas é agradável sabê-lo.
Porque, como um louco disse na primeira montanha a olhar para o céu, escondido de pessoas entre arbustos e precipícios, e exposto a toda a população que o irá ver de tão perto, “um acontecimento só se sente depois de já não ser possível aproveitá-lo mais” – é a ingenuidade humana.
Tive que o prever, mas mesmo assim a surpresa me atingiu. Estranho e curioso como o movimento dinâmico da música galopante ao ritmo de uns passos relaxados no passeio esquerdo da estrada à beira do oceano que aqui se viveu foi substituído de repente, contra todas as previsões menos lógicas e mais aprovadas pelo nosso sentido do que está certo e do que é irreal demais para o ser.
É com um sorriso que me apercebo do calor e da infinidade de certos momentos por vezes aglomerados num espaço comum em função do tempo, ou na presença de companhias empáticas em função do tempo, ambas memórias me marcam pela saudade. Talvez se possa pensar que o fim do confinamento me devolva a oportunidade de vivenciar momentos desses, mas não é isso que acontecerá já que fui traído pelo meu próprio corpo, destino esse que também tanto de bom me trouxe – uma transição natural que me satisfaz. Contudo, é a saltitar naquele mar de verde e vermelho, idealmente azul e tapado pela paixão sedenta de alguém, que faz tudo ser experienciado novamente mais de perto, como quem presta homenagem a uma figura que inspirou e fez a diferença, mas que já não existe.
Definir as origens e os locais de passagem enquanto se prepara as asas para voar é uma prioridade urgente nestes tempos. Porque, tão depressa o movimento galopante vai como volta, por mais distante que aparente estar e o que é mau não é necessariamente inútil e há que ser sentido sugado até à raiz.
Nós cá estamos.
Martinho Cruz
Tenista da Ass. 20kms Almeirim
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